O crescimento exponencial do COVID-19 levou a mudanças drásticas na maneira como trabalhamos. Para muitos, nossos espaços de trabalho e vida pessoal tornaram-se o mesmo, e aqueles que não têm a possibilidade de trabalhar remotamente tiveram de tomar medidas rigorosas de precaução para a segurança, além do distanciamento social. Com toda essa mudança, podemos afirmar que não vamos retomar de onde paramos antes da crise global.
Primeiro, as empresas tiveram de resistir ao impacto inicial que é a fase de crise. Em seguida, veio a adaptação e depois já veio a discussão sobre o “novo normal” e “o futuro do trabalho”. Essas noções, porém, não captam a velocidade da mudança que influencia nossa realidade atual. É preciso olhar além e antecipar para o “novo agora”.
A BCG explora esse conceito e listou 7 prioridades para o desenvolvimento de pessoas no “novo agora”, são eles:
- Um padrão de trabalho inteligente
Uma mudança no trabalho que levaria anos foi acelerada em questão de poucas semanas. O trabalho inteligente já é uma realidade para muitas empresas, mas em breve será o novo padrão entre as organizações. É preciso acomodar a colaboração virtual e o trabalho remoto em escala, identificando as melhores práticas para maximizar a produtividade, de modo que sejam eficientes e sustentáveis. O trabalho remoto pode não substituir o trabalho on-site, mas sim complementá-lo. O mais importante ao estabelecer novos paradigmas com flexibilidade para o trabalho é enfatizar normas para uma boa organização de rotina e processos, além de disponibilizar tecnologias que suportem a colaboração em equipe. - Saúde física e mental como pilares organizacionais
No novo agora, para manter colaboradores resilientes, a saúde será primordial, tanto física quanto mental. Padrões de higiene corporativa terão de ser elevados e mantidos. A crise atual tem causado estresse e emoções difíceis para muitas pessoas, e nos ensina que os cuidados devem ir além das preocupações físicas. Promover o bem-estar é primordial para nos tornar progressivamente mais resilientes, criativos e produtivos. - Um novo paradigma para habilidades e talento
Para sustentar os novos modelos de trabalho, as organizações têm de construir novas capacidades numa velocidade sem precedentes, criando um ecossistema de aprendizagem adaptável. A crise nos ensinou que as organizações que são mais capazes de integrar reflexão, aprendizado e inovação em seu fluxo de trabalho diário estão respondendo mais facilmente a desafios imprevisíveis. A crise forçosamente impulsionou uma evolução tecnológica, e líderes e equipes precisam buscar novas experiencias, habilidades e conhecimentos e fazê-los parte de suas rotinas diárias. - Equipe de trabalho flexível
Em um ambiente volátil, a gestão de RH será cada vez mais importante. É preciso tornar colaboradores, custos, planejamento de habilidades e capacidades dinâmicas. Um trabalho de cross-staffing garante flexibilidade durante crises, além de ampliar as perspectivas e habilidades dos colaboradores em geral. Com o trabalho remoto, o novo agora exige modelos de trabalho sob medida para funcionários, para acompanhar a crescente demanda por flexibilidade. Instituir novos sistemas de desempenho, recompensa e compensação será essencial para ajudar a integrar novos KPIs e métricas de sucesso baseadas em modelos de trabalho flexíveis. - Liderança com “head, heart, and hands”
Empatia e adaptabilidade devem estar no centro das competências dos líderes, com base nesses três elementos: a “cabeça”, que é necessária para vislumbrar o futuro e as prioridades focadas necessárias para o sucesso; o “coração” para inspirar e capacitar os funcionários; e as “mãos” para garantir capacidade inovadores e ágeis de execução. - A empresa com um propósito
No novo agora, as empresas abraçarão valores e garantirão que sejam impulsionadas por um propósito. Para continuar a avançar no trabalho, devem promover uma cultura de resiliência, alinhar propósito à visão e aos valores, e comprometer-se com a sustentabilidade e o impacto social em um nível mais elevado. - “A organização biônica”
A crise criou a oportunidade para as empresas acelerarem a revolução e a simplificação de seus modelos operacionais. É preciso aproveitar ao máximo dados e plataformas digitais. As capacidades humanas e tecnológicas se avigorarão em uma organização mais flexível, adaptável, baseada em dados e no digital. As empresas do futuro, ou do novo agora, podem oferecer jornadas personalizadas e continuamente melhoradas para clientes e empregadores, unindo crescimento, inovação, eficiência e resiliência. Nesse contexto, as organizações devem se tornar biônicas, adotando a digitalização multidimensional.
A crise global não só agiu como um catalizador para as mudanças na forma como trabalhamos e gerimos as organizações como também molda esse processo, que já era iminente para o futuro. Empresas precisam aumentar sua vantagem competitiva e essas 7 prioridades têm papel fundamental a desempenhar nessa jornada de transformação e adaptação. Crises de modo geral são como incêndios – em meio à tragédia emergem as sementes da renovação e do crescimento. Em resposta à pandemia, muitas empresas já demonstraram que isso é verdadeiro. Temos visto a proliferação do trabalho inteligente, repensando nossos modelos operacionais básicos, orquestrando para o futuro, que é o novo agora.