Dados: Uma nova commodity
Movimentos de aquisições de startups por grandes empresas estão cada vez mais comuns. Só no setor varejista vimos empresas como Magazine Luiza e Grupo Pão de Açúcar adquirindo startups com o intuito de impulsionar suas vendas digitais ou aprimorar a presença online.
À primeira vista pode não ser tão evidente, mas esses negócios são uma maneira das empresas maiores adquirirem novas tecnologias, produtos e processos de negócio inovadores. Muitos das aquisições visam adicionar inteligência de negócio e capacidades de processamento de dados e informações para melhorar a tomada de decisões, de maneira preditiva, para se adiantar aos cenários econômicos dinâmicos e mais competitivos.
Tecnologias inovadoras automatizadas e cognitivas, o crescimento exponencial da digitalização dos processos de negócio e da internet fazem com que as corporações e organizações de todos os tipos transformem suas operações, modelos de negócios e comunicação com o consumidor baseando-se em dados.
Frequentemente descrito como o novo petróleo, dados são extraídos por companhias para produzir insights diferenciadores, servindo como guia nas tomadas de decisão. O grande desafio é lidar com o ritmo exponencial de crescimento desta fonte. Dados trazem oportunidade e possibilidades infinitas e transformadoras, contudo podem oferecer riscos consideráveis se não gerenciados com segurança. Fornecidos de forma virtualmente gratuita, a grande diferença entre petróleo e dados, é que o último não tem fim.
Qualquer empresa hoje pode coletar dados prontamente por meios de questionários e cadastros. O uso inteligente para o negócio é o que as diferencia e os transforma em ativos. Hoje, é fato e irreversível a importância do uso de dados para os negócios. Apesar de ser cada vez mais evidente o valor que os dados bem utilizados têm para os negócios, ainda é difícil colocar isso no balanço das empresas, até porque eles não podem ser comercializados. No entanto, estamos cada vez mais distantes de tratar os dados como um ativo intangível.
No Brasil, três setores vivem evidentemente nessa realidade: saúde, varejo e financeiro (catalisado pelas fintechs). Além do segmento de diagnósticos, na área da saúde os dados podem auxiliar nas pesquisas de doenças e o padrão de ocorrências na população, bem na possível personalização de planos de saúde. Para isso, é necessário integrar esses dados.
O acesso e uso de dados, que são individuais e já tratados perante a lei como propriedades de cada indivíduo, motiva mudanças estruturais no mundo dos negócios. De forma estratégica, o grande achado é a expertise ou informação extraída dos dados e do crescente monitoramento do perfil do consumidor para direcionar os produtos que o comprador é mais predisposto a adquirir. Antes o dado era apenas um cadastro, limitado a gênero, idade e renda, para produzir uma publicidade mais efetiva. Hoje, com a inteligência artificial, esse processo torna-se mais sofisticado, induzindo comportamentos e mapeando tendências.
O verdadeiro valor dos dados está na capacidade de usá-los. A simples coleta de dados é insuficiente, o raw data (dado cru) precisa ser interpretado e traduzido em informação que possa ser utilizada para otimizar tomadas de decisões, visto que ainda não foi descoberta uma maneira de precificar a informação.